terça-feira, 21 de setembro de 2010

路径 - Caminho


Mais uma vez transportado a este lugar, o silêncio é o mesmo, porém, desta vez o vazio dá lugar uma visão.
Um caminho surge em minha frente. É uma rua, casas e prédios, de um lado e do outro, vão se estendendo até onde a vista alcança, e fazem com que se torne tão extensa, a ponto de não poder- se enxergar seu fim. Apesar disso, não se ouvem passos além dos meus, isso me faz crer que caminharei solitário, na esperança de chegar ao fim dela.
Há a minha frente uma longa jornada, enquanto vejo que não tem mais volta, à medida que o caminho se desfaz por trás de mim, a cada passo que me faz ir mais além.
Observo que em meu pulso existe um relógio, vejo que já é tarde. Olhando com mais atenção, os ponteiros permanecem imóveis, e me fazem ficar mais confuso.
Continuo a andar na expectativa de que possa encontrar uma saída. Logo aparece a primeira esquina, e rapidamente olho para ver até onde vai, e de repente sou surpreendido e paralisado, olho atentamente e fascinado, para um “pontinho” de luz, suspenso no ar, diferente de tudo e de toda outra coisa que já tenha visto. O desejo em saber de que se trata é inevitável. Ao tocá-lo, um fleche, e como uma janela, estende-se. Diante de mim momentos de minha vida são apresentados no formato de lembranças adormecidas, que me fazem lembrar o porquê de está trilhando esse caminho, e guiam meus passos para mais longe.
Enquanto caminho cada vez mais rápido, motivado pela lembrança, tentando encontrar o fim, outros “pontinhos” de luzes vão aparecendo ao logo do caminho, a cada um deles aberto o caminho vai se mostrando não ser tão extenso assim, alguns desses me incentivam a prosseguir, outros argumentam contra mim, de que é melhor parar. Os argumentos parecem bem convincentes. Paro. Colocando-me a refletir sobre tudo, posso ver caminhos sendo abertos, como se as dúvidas que tenho, quisessem me forçar a escolher uma de suas “saídas”. Desistência é um delas. E a mais espantosa, talvez a mais tentadora, uma chance de amenizar o sofrimento e o cansaço da jornada sem sentir remorso. Esquecer tudo.
Vou em direção a um deles. Enquanto caminho algo estranho me faz olhar para trás, juro que posso ver vultos de pessoas, algumas delas pareço recordar, sim, são amigos, que trilhando o mesmo caminho que eu. Isso faz com que eu queira voltar. Os passos diminuem, enquanto caminho de cabeça baixa, pensando, torno a olhar para o frente, novamente surgi mais um “pontinho”, o que será agora? Penso, mais uma lembrança? Sim, dessa vez para que eu revisse todo o esforço que já fiz para chegar até onde cheguei. E como um passe de mágica, a janela é reduzida novamente a um “pontinho”, e vai se formando ai uma pequena frase, “A desistência é o caminho dos fracos”. Então começo a lembrar de promessas de incentivo que tinha feito a mim mesmo. Rapidamente impulsionado por um desejo de persistir, corro tão rápido quanto o vendo para alcançar meus amigos para que, juntos, possamos prosseguir.
Ao voltar, já não existem mais vultos, apenas eu. Respiro fundo, e estou de novo a andar em frente, trilhando o mesmo caminho.
A pesar de se mostrar menor, o caminho ainda não acabou. Sei que continuará árduo, mas prosseguirei não importa quantos caminhos apareçam e queiram me fazer desistir.
Agora entendo. Tudo faz sentido. Disseram-me uma vez, para “ir sempre a buscar o sim”, por que se assim não o fizer, “o não”, esse já o terei.

Adeilson F. Nascimento